Treino em técnicas avançadas de ressecção endoscópica


Ricardo Küttner Magalhães
Gastrenterologista

Ricardo Küttner Magalhães é assistente hospitalar graduado de Gastrenterologia no CHUdSA e Professor Associado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto (ICBAS-UP).
Doutorou-se em Ciências Médicas no ICBAS-UP em março de 2022 sob a orientação do Professor Doutor Arjun D. Koch e co-orientação dos Professores Doutores Mário Dinis-Ribeiro e Ricardo Marcos-Pinto.

 

O objeto de estudo da sua tese de doutoramento foi o treino em técnicas avançadas de resseção endoscópica, entre elas a disseção da submucosa. Em que consiste esta técnica?

A disseção endoscópica da submucosa (ESD) é uma técnica que permite resseções em bloco, independentemente do tamanho das lesões, e avaliação histopatológica precisa. Possibilita alcançar uma taxa de resseção radical (R0) superior e uma taxa de recorrência local inferior em comparação com a mucosectomia convencional (EMR). Por outro lado, devido à sua complexidade, a ESD envolve tempos de procedimento prolongados e um risco aumentado de eventos adversos.

 

Quais os principais resultados do estudo?

A prática de ESD em modelos animais foi reconhecida como o contexto simulatório de eleição, devido à sua presumida semelhança com as condições humanas.

A nossa investigação permitiu concretizar a validação de face, conteúdo e de perito do modelo porcino vivo na realização de EMR multiband e ESD esofágica e gástrica. O treino neste modelo foi considerado muito realista relativamente ao contexto humano e foi altamente apreciado como ferramenta de aprendizagem. Desta forma, foi reunida evidência para recomendar a sua integração em programas formais de ensino. Um estudo subsequente com este modelo veio sustentar essa suposição, ao demonstrar uma melhoria nas resseções completas, resseções em bloco e velocidade de ESD e uma diminuição dos eventos adversos durante procedimentos consecutivos.

Adicionalmente, constatou-se que a maioria dos endoscopistas ocidentais, detentores de ampla experiência endoscópica antes da aplicação de ESD, tinha recorrido ao treino com modelos animais, que foram considerados muito úteis e um pré-requisito antes da prática clínica.

Finalmente, endoscopistas que frequentaram workshops de ESD dedicados encontravam-se adequadamente qualificados antes da aplicação de ESD em humanos, cumprindo as recomendações para o treino e implementando convenientemente a técnica na prática clínica. É de salientar que os programas estruturados de treino se traduziram em resultados clínicos que ultrapassaram os padrões estabelecidos, nomeadamente na fase clínica inicial.

 

Consulte a versão integral: https://hdl.handle.net/10216/140537